O que estou lendo... # 1

O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde


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O Gato do Brasil e Outras Histórias de Terror e Suspense - Sir Arthur Conan Doyle

Sim, confesso: Eu nunca li Sherlock Holmes... Pois é, um defeito... 


E até essa semana, nunca havia lido nada do Conan Doyle, até que resolvi ler O Gato do Brasil e Outras Histórias de Terror e Suspense. São quatro contos bem curtinhos: O funil de couro, A nova catacumba, O caso de Lady Sannox e O gato do Brasil.


A escrita é muito agradável, mas confesso que não gostei muito do primeiro conto O funil de couro, se fosse por ele, eu não teria lido os outros três. Ainda bem que eu insisti e resolvi dar mais uma chance para o livrinho. Os outros três contos são bastante agradáveis e me deixaram com aquele gostinho de quero mais.

Enfim, não tenho muito material para comparação, afinal, suspense e terror não são meus estilos favoritos. Acho que até hoje, deste estilo, só li um livro e meio da Agatha Christie e jamais abri um exemplar de Sidney Sheldon. Se é que dá para comparar esses dois ao Conan Doyle. Mas enfim...confesso que sou uma completa ignorante no assunto.

Em relação ao Sherlock Holmes, eu só sei que ele é o detetive mais engenhoso e inteligente de todos os tempos e que tem um museu lá na Baker Street, em Londres. Também sei que em histórias de detetives, primeiro nos deparamos com o mistério e depois com os exercícios de lógica, dedução, adivinhação e intuição que alguma mente brilhante terá a competência de desvendar.

Em O Gato do Brasil e Outras Histórias de Terror e Suspense não é bem assim que a banda toca. Nos quatro contos, sabemos de antemão o que aconteceu, acompanhamos o desenrolar dos fatos e somente depois descobrimos como aquele "incidente" foi divulgado à sociedade como um mistério.

Não sei se considero os contos como terror ou suspense, talvez suspense psicológico... muito bem elaborados, por sinal... 

É uma leitura fácil, rápida e agradável - é daquela coleção de 64 páginas da L&PM. Passando o primeiro conto, os outros três me deixaram com vontade de ler mais do Sir Arthur Conan Doyle.

Os contos que mais gostei foram A nova catacumba e o Gato do Brasil

Sendo assim, eu recomendo. 




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Um Negócio Fracassado e Outros Contos de Humor - Anton Tchékhov

Tchékhov era um excelente contador de histórias. Ele nasceu em 1860 em Taganrog, cidade aos pés do Mar de Azov. Filho de um pequeno comerciante, Tchékhov não teve uma infância das mais fáceis, sendo obrigado a sustentar-se na adolescência dando aulas particulares.

Terminado o ginásio, ele mudou-se para Moscou, cidade onde também, pelo menos inicialmente, não foi agraciado com uma vida muito fácil. 

Após matricular-se na Faculdade de Medicina de Moscou, para manter a si e a sua família, Tchékhov virou um colaborador em várias publicações periódicas, escrevendo por encomenda para editores que exigiam textos breves, leves, descompromissados, humorados e de "fácil leitura".

E é exatamente dessa época que retiram-se os 38 contos reunidos em "Um Negócio Fracassado e Outros Contos".

Todos os contos dessa edição são do início da carreira de Tchékhov, escritos no final do século XIX, na Rússia pré-Revolução, época bastante conturbada e de grande repressão política e violência social.

Sarcasmo sutil e ironia refinada marcam essa pequena coletânea, com textos escritos exatamente para contrabalançar os complicados acontecimentos sociais, mas que deixam transparecer que os hábitos daquela época não eram tão distintos da nossa realidade atual.

Nas entrelinhas dessa coletânea encontramos o realismo crítico, recheado de hipocrisia, prepotência e corrupção. Observador da natureza humana, Tchékhov descortina os vícios sociais que já maculavam a sociedade do século XIX. 

É uma leitura fácil, rápida e instigante, que fará com que sua ida ao trabalho, no coletivo lotado, seja muito mais agradável.

Assim, quem quer conhecer o início da carreira literária de Tchékhov, não pode deixar de apreciar esse livrinho.

Recomendadíssimo!!!

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Incidente em Antares - Érico Veríssimo

Quem gosta de literatura fantástica e humor aí, levanta a mão! Levantou? Agora se joga na leitura!

Escrito em 1971, Incidente em Antares é o livro mais deliciosamente humorado do Veríssimo. Tudo é uma grande alegoria sobre a hipocrisia e o autoritarismo, escrito de uma forma tão deliciosa que você vai chorar de rir.

De lambuja, você ainda ganha uma aula de história do Brasil, além de crítica ferrenha à podridão da ditadura e dos vícios morais da sociedade.

No fundo, no fundo... essa história é uma ferrenha crítica política que a ditadura esqueceu de censurar! Em tempos de oligarquia, um livro desses nunca é bem-vindo!

A história

Imagine sete mortos - já apodrecendo - que levantam de seus caixões? Imaginou? Pois então, agora imagine-os revoltados por causa da greve dos coveiros? Imaginou também? Agora focalize esses sete indivíduos descendo (capengamente) a ladeira do cemitério para reivindicar seu direito a um enterro digno em pleno coreto da cidade de Antares...

Então, prepare-se para rir muito!

Érico Veríssimo é simplesmente um dos maiores escritores brasileiros. É muita competência para uma caneta só, minha gente!

Não conhece nada dele? Corre para a biblioteca e escolhe qualquer livro do senhor Veríssimo... É satisfação garantida!

Incidente em Antares? Recomendadíssimo! 




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O Pianista - Wladislaw Szpilman

Infinitamente triste... Inclivelmente belo...

Eu vi o filme há muito tempo, mas com toda certeza - para variar -, o livro é espetacularmente melhor que o filme. E olha que eu tinha achado o filme bem bonzinho (dirigido por Roman Polanski em 2002, tendo como protagonista Adrien Brody, que acabou levando o Oscar de Melhor Ator Principal por sua atuação).

O Pianista é uma história real. São as memórias de Wladislaw Szpilman (1911-2000), escritas logo após o final da Segunda Grande Guerra, em 1945.

Nessas memórias, ainda frescas, Szpilman conta como foi passar pela invasão da Alemanha na Polônia de 1939/1945 e sobreviver ao horror do Holocausto.

Em suas páginas encontraremos seus esconderijos, sua incerteza, a perda de sua família, a fome, a perda de suas esperanças e a teimosia do destino em deixá-lo sobreviver em pleno Gueto do Varsóvia.

É o relato pungente de alguém que tinha como profissão a arte, de alguém que foi condenado à ruína apenas por ter nascido judeu e que somente não morreu por, contra todas as probabilidades, não ter chegado a sua hora.

Publicado pela primeira vez na Polônia com o título Śmierć Miasta (Morte de uma Cidade), o livro de Szpilman foi rapidamente censurado pelos comunistas da época, em razão de seu conteúdo sobre os horrores da Guerra.

Enfim, esse livro é muito mais do que recomendadíssimo.  É uma história triste e comovente que vale a pena ser lida!

OBS: Apesar de eu não ser grande fã das edições da Editora BestBolso, a edição de O Pianista está bem feita e conta com acréscimos bastante interessantes.
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Escambo de Livro...

Por que causa, motivo, razão ou circunstância, São Paulo ainda não tem um desse???


Espaço no Recife que incentiva a troca de livros começa a funcionar


Projeto da Secretaria de Cultura permite o escambo de obras de literatura. Serviço ocorre todos os dias no Espaço Pasárgada, no bairro da Boa Vista.




Já está valendo o projeto Escambo de livros. A partir desta sexta-feira (28), o Recife ganhou um espaço permanente de troca de livros de literatura, ou seja, quem tem uma obra esquecida na estante pode permutá-la por outra. O serviço, realizado pela Secretaria de Cultura de Pernambuco e Fundarpe, ocorre no Espaço Pasárgada, na Rua da União, 263, na Boa Vista, no Centro da cidade, sempre de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 18h.



Pela regra, não é permitida a troca de livros didáticos ou religiosos, apenas de literatura, e a permuta só vale com obras disponíveis no acervo. O escambo também acontecerá no hall da Fundarpe, que fica na Rua da Aurora, 463/469, Boa Vista, nas últimas sextas-feiras do mês, das 8h às 12h e das 14h às 17h.



A partir do dia 5 de outubro, outro projeto começa a funcionar: o Livros Livres. A ação, iniciada no Festival de Inverno de Garanhuns deste ano, espelha-se no conceito de bookcrossing, ou seja, o ato de 'esquecer' livros em lugares públicos para que as pessoas que os encontrem possam lê-los e, eventualmente, deixá-los em outro lugar para que mais pessoas os levem. A primeira intervenção será no Parque da Jaqueira, na Zona Norte do Recife, que irá amanhecer com obras espalhadas por todo canto.



Com livros doados pelo Funcultura e pela Companhia Editora de Pernambuco (CEPE) e devidamente etiquetados com um selo explicativo, a proposta é incentivar as pessoas a deixar livros em lugares públicos e transformar a cidade em uma grande biblioteca. A ação seguirá acontecendo sempre na primeira sexta-feira do mês, cada vez em um bairro diferente.



Ambos os projetos são realizados pela Coordenadoria de Literatura da Secretaria de Cultura. Outras informações pelo email literatura.secultpe@gmail.com ou telefone (81) 3184-3166.



FONTE: G1 

OBS: Que inveja de quem mora em Recife... humpf...

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Aquela capa na minha estante # 1

A partir de hoje, de tempos em tempo, postarei aqui alguma capa de um livro da minha estante que tenha chamado minha atenção.

O critério utilizado é somente estético, pode ser de livros que li, que não li, que queira ler, ou, como no caso de hoje, que eu não tenho intenção de ler...

A capa de hoje é do The Hobbit - J. R. R. Tolkien.


Tolkien não é um autor que eu tenha vontade de ler, e no fundo, nem sei bem explicar o motivo... Mas, apesar disso, acho essa capa linda e, em casa, volta e meia me deparo encarando o livro... Vai entender...

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A lista dos 10+

Não sei para vocês, mas eu sempre acho um pouco assustador me deparar com as Listas dos Mais Vendidos que pululam por aí...
Semana passada, sexta-feira mais especificamente, ao passar pela Livraria Cultura do Conjunto Nacional, vi um rapaz, com caderninho em punho, fazendo uma pergunta comum ao vendedor: “Essa é a sessão dos mais vendidos?”. O vendedor, muito solícito por sinal, explicou-lhe como funcionava a dinâmica da livraria.
Esse incidente, aparentemente banal, poderia ser somente mais um dos tantos outros que nos rodeiam diariamente, mas ao olhar mais detidamente a fila do caixa, me deparei com uma moça empunhando sua futura próxima aquisição: nada mais, nada menos que “Cinquenta Tons de Cinza”.
Por causa disso, me apressei em encontrar a Lista dos Mais Vendidos do mês de outubro - encontrada na revista da própria livraria - e eis que:


1º Lugar: Cinquenta Tons de Cinza – E.L.James
2º Lugar: Cinquenta Tons Mais Escuros – E.L.James
3º Lugar: Inverno do Mundo – Ken Follett
4º Lugar: Toda Sua – Sylvia Day
5º Lugar: Diálogos Impossíveis – Luís Fernando Veríssimo
6º Lugar: Um Porto Seguro – Nicholas Sparks
7º Lugar: A Vida Como Ela É. Em 100 Inéditos – Nelson Rodrigues
8º Lugar: Queda de Gigantes – Ken Follett
9º Lugar: Os Enamoramentos – Javier Marías
10º Lugar: A Vida Como Ela É – Nelson Rodrigues

Outra surpresa: nos 10+ de ficção em Inglês temos:
2º Lugar: Fifty Shades, V.1 – Fifty Shades of Grey
3° Lugar: Fifty Shades, V.3 – Freed
4° Lugar: Fifty Shades – Boxed Set
5° Lugar: Fifty Shades, V.2 – Darker


Poxa, o Cinquentão ainda está na estante dos mais vendidos? Como pode?

Simplesmente é algo impressionante, ou no mínimo, preocupante, o fato do Cinquenta Tons de tudo o que se pode imaginar, há mais de 2 meses reinar absoluto no topo da lista dos 10+.
Eu li o primeiro volume e fui até um pouco menos da metade do segundo (não aguentei mais)... e posso dizer, com toda certeza, que essa febre é preocupante.
Entretenimento? Sim e não.
Sim, pois serve para entreter... mas esse é um entretenimento de qualidade? É exatamente aí que a coisa complica.
Claro que é uma coisa ótima o fomento do hábito da leitura na população, mas se a leitura é uma atividade que além de entreter, tem a função de informar, acrescentar, formar opiniões, melhorar o leitor, melhorar o vocabulário do indivíduo, etc... O que podemos concluir dessa febre de sucesso de um livro em que predomina a estrutura de frases primárias?
Ele olhou pra mim. Eu olhei pra ele. Ele abaixou as calças. Minha deusa interior deu um mortal de costas...
...


O que isso quer dizer? Alguém quer arriscar?



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1984 - George Orwell

Pergunta: Como eu vivi até hoje sem ter lido 1984???

George Orwell, na verdade, é o pseudônimo do jornalista inglês Eric Arthur Blair, nascido em 1903 e falecido em 1950.

Com inteligência, perspicácia, humor ácido e muita informação, o jornalista conseguiu escrever um clássico atemporal.

A história foi escrita em 1948, e naquela época 1984 era o futuro que, infelizmente, permeia nosso passado e se faz muito presente em regimes totalitários e, até mesmo, pseudo-democráticos atuais.

Simplesmente uma obra que precisa ser lida, digerida e assimilada.

Para quem não sabe, foi esse livro que inspirou o criador do reality show Big Brother, o Sr. John de Mol. O que, aliás, faz muito sentido, mas de uma forma mesquinha, enfim....

Winston Smith, o personagem principal, é membro do Partido totalitário que governa 1/3 do planeta. Basicamente, o Partido, liderado pela figura quase onipresente do Grande Irmão (Big Brother), controla mentalmente, visualmente e fisicamente tudo e todos aqueles que interessam, que correspondem à aproximadamente 15% de sua população - os membros do Partido.

Por meio de "teletelas", o que podemos entender por computadores que captam e enviam imagens e som, os membros do Partido têm seus pensamentos, ações, atitudes, vidas e tudo mais, totalmente controlados pelo Big Brother...

Sexo? Só para procriação, e olhe lá... O jeito correto de fazer bebês é por inseminação artificial.

Os 85% restante da população, chamados de prole, por não representarem ameaça ao Partido, não são controlados, mas apenas alimentados intelectualmente com novelas, esportes, músicas de baixa qualidade e sem representação política e/ou intelectual, jogos de loteria, educação de péssima qualidade, ou mesmo, sem estudo, jornais sensacionalistas e demais assuntos igualmente destinados à alienação dessa parcela da população.

Hum... acho que já vi isso em algum lugar???

Enfim, 1984 é uma excelente narrativa, que nos envolve na exata medida em que nos intriga, e que para ajudar, ainda tem um final inesperado. Eu juro que não esperava!!!

Simplesmente, uma obra que precisa ser lida!

OBS: Eu li uma edição bem antiga da Companhia Editora Nacional (figura acima), comprada em um sebo na década de 90, que veio com alguns rabiscos e marcações do proprietário anterior. Odeio livros com marcações, mas mesmo estas não foram capazes de ofuscar o brilhantismo desse livro.

Eis aqui o que tenho a dizer: Recomendadíssimo!!!

Avaliação: @@@@@

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4 dicas para leitores de praia


Nada contra ler sob o sol, diz o oftalmologista Emilio de Haro Muñoz, desde que os olhos estejam bem protegidos. O que usar depende do grau de sensibilidade de cada um; para alguns, só o guarda-sol resolve; para outros, é melhor juntar chapéu e óculos. 

Não é recomendado ler sem proteção porque o sol reflete no papel e causa desconforto. Não é comum, mas podem acontecer lesões fototraumáticas. 

Há chapéus com abas dianteiras maiores, que garantem sombra nos olhos em qualquer posição. 

Use óculos de sol com proteção contra raios UV nas lentes. Os modelos vendidos em camelôs não têm e podem provocar distorções óticas, além de cansaço, lacrimejamento e dor de cabeça. 

Óculos escuros de grau podem ser usados sem problema. 

Fonte: Revista da Folha

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Hoje vou fazer uma confissão...

Você jura que não vai me achar um ser de outro planeta???

Olha, não sei se é somente comigo que acontece isso, mas quando estou lendo, e verdadeiramente participando da história, sentindo o que o personagem sente... acontece uma coisa muito estranha. Se o personagem sofre, eu me aflijo e as pontas dos meus dedos das mãos formigam...

Isso é tão bizarro, e sempre acontece quando estou em alguma passagem crítica de um livro que estou gostando. É um formigamento que não acontece em nenhuma outra ocasião, só quando estou lendo.

Filmes não me fazem sentir isso, passar mal de verdade não me faz sentir isso, só a leitura...

As pontas dos meus dedos já formigaram em outras ocasiões, mas com a leitura é um formigamento diferente... É como se o sangue escapasse das pontas dos meus dedos das mãos... É muito incômodo...

É uma reação física à leitura... Será que eu sou muito louca?

Sério... eu sei que eu não sou normal, mas esse formigamento faz com que eu me sinta a pessoa mais bizarra do planeta...

É só comigo que acontece isso???

Você tem alguma reação física à leitura?

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Memória de Minhas Putas Tristes - Gabriel García Márquez

É um livro tão bom que nem dá pra falar muito... Nele encontramos as memórias de um jornalista de 90 anos que passou pela vida sem saber o que era o amor. 


Como conseguiu chegar vivo aos noventa, ele pretende se presentear com uma noite de amor louco com uma adolescente virgem, e é aí que toda a história se desenrola... e é aí que nosso narrador se apaixona pela primeira vez em nove décadas...


Há muitos anos ele escreve religiosamente sua coluna dominical no jornal da cidade e depois de encontrar o amor, também os temas de sua coluna mudam de direção alterando, assim, a rotina de décadas.


A parte da bicicleta é demais!

Só o fato de ser um livro de García Márquez já garante a qualidade, mas é muito mais, é um livro sensível, sobre o peso da idade, da nostalgia e dos sentimentos. Com escrita leve e fluida, essa é definitivamente uma história que merece ser lida.

Abaixo seguem duas passagens que marquei:

"Pela primeira vez em minha longa vida me senti capaz de matar alguém. Voltei para casa atormentado pelo diabinho que sopra no ouvido as respostas devastadoras que não demos na hora certa, e nem a leitura nem a música mitigaram a minha raiva."
"Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco."

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O Retrato - Nikolai Gogol

Ahhh os russos... Como não venerá-los?

Gogol foi um dos percursores da literatura surrealista russa do século XIX (apesar dele ser ucraniano). Em seu conto "O Retrato", Gogol explora o mundo sobrenatural a partir de um retrato que parece olhar diretamente para as pessoas.


Sua narrativa é clara e contundente. É algo que nos faz imaginar exatamente o atelier do artista, suas roupas, seus cabelos depois de encaracolados, os olhos do retrato... A história é curta e envolvente, fazendo-nos pensar se o quadro é real... 


Sinceramente, acho que não gostaria de encontrar um quadro desses na minha frente, ainda que isso me rendesse mil ducados... E você???


Enfim, leiam. 


A L&PM tem esse conto naquela coleção de 64 páginas, que dá pra ler numa sentada só a um preço camarada... 

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A Mulher de Trinta Anos - Balzac

 Honoré de Balzac é um dos poucos escritores do século XIX que souberam perscrutar a alma da mulher. 

Com sua escrita bela e envolvente, ele conta a história de uma época em que as mulheres só eram consideradas belas até um pouco mais de seus 20 anos. Balzac não pensava assim, tanto que fez de A Mulher de Trinta Anos um mito.



Parte de sua obra A Comédia Humana, o livro A Mulher de Trinta Anos conta a história de Julia d'Aiglemont, uma marquesa marcada pela busca incessante da plenitude do amor.

Há passagens lindas, tristes, reflexivas, envolventes, surpreendentes, irritantes e hilárias. É como se lêssemos mais de um livro de uma só vez. A história de Helena, a filha mais velha de Julia, é um pouco dissonante, mas enfim...

O livro vai muito bem até o final da primeira parte. Depois, Balzac parece ter cansado um pouco da história, mas ainda assim, a leitura continua valendo a pena.



Quem não leu, devia ler e se deliciar com a narrativa cheia de nunces de Balzac, o qual encontrei imponente ao lado de ciprestes do Père Lachaise.  

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10 Dicas para pessoas extremamente ocupadas encontrar tempo para leitura

Hoje encontrei dicas super interessantes sobre como fomentar o hábito de leitura em pessoas extremamente ocupadas. A postagem é do blog Listas Literárias, e achei que valia a pena reproduzi-las aqui:

10 Dicas para pessoas extremamente ocupadas encontrar tempo para leitura
Sabemos a importância do hábito de ler livros, porém, não raro os leitores aqui do blog comentam a falta de tempo para a leitura. Pensando nisso pensei algumas dicas para vocês incluírem a leitura em sua agenda concorrida:

1 - Durante o nº 2:  Angelina Jolie e Brad Pitt fazem o número 2, por isso não não se escandalize com essa dica um tanto escatológica, afinal a falta de tempo é sua. O fato é que mesmo os homens e mulheres mais ocupados sentem suas necessidades fisiológicas, e você pode tornar isto mais cultural, se durante aqueles 15 minutos de isolamento aproveitar para ler um capítulo de seu livro. A técnica é ideal para romances policiais, geralmente com capítulos curtos e ágeis que podem ajudá-lo a avançar com rapidez na leitura.

2 - Trajeto para o trabalho: Há sempre na vida opções. Nesse caso você pode amanhecer numa segunda-feira e ficar por uma hora inteira de cara emburrada no ônibus ou no trem por ter de ir ao trabalho, ou então aproveitar este trajeto para praticar sua leitura. Caso escolha a 2ª opção, além de crescer intelectualmente com os livros, o trajeto não lhe parecerá ter mais que alguns metros tamanha rapidez entre sua casa e seu trabalho.

3 - Use Transporte Coletivo: Já sei, não é seu caso, e graças ao seu talento e seu esforço agora você tem um carro, e com ele consegue fazer em 2 horas o mesmo caminho que fazia pela metade do tempo de trem. O único problema é que ao volante você não pode ler mais seus livros. Então mude, opte pelo transportes coletivo, pois além de arrumar tempo para ler, contribuirá para um planeta mais saudável.

4 - Leia antes de dormir: Pessoas extremamente ocupadas dormem pouco, mas ainda assim dormem. Portanto aproveite o ritual antes do sono chegar de vez, e tire no mínimo 30 minutos antes de dormir para ler. Além disto tomar-lhe quase nada de tempo, será um ótimo relaxante para você entregar-se aos bons sonhos, além dos demais benefícios da leitura.

5 - Substitua as novelas: Vocês vão me falar, mas essa lista não era sobre pessoas extremamente ocupadas? E é mesmo, mas vocês já repararam que não falta uma pessoa extremamente ocupada que vez por outra aparece comentando sobre a novela. Se vacilar até mesmo seu chefe sem tempo pra nada já deu pitaco sobre novela. Então faça a substituição, tirando de campo as tramas televisivas carregadas de clichês, por clássicos e grandes romances que podem abrir sua mente a novos horizontes longe das coisas comuns.

6 - Aproveite a precariedade dos aeroportos: Geralmente pessoas extremamente ocupadas precisam viajar de avião em nossos suntuosos e confortáveis aeroportos. São tão extremamente ocupadas que nunca há tomadas suficientes para seus notebooks com as baterias arriadas. Nessa hora meus amigos, não há muito o que fazer, e seria menos estressante se vocês já pisassem nesse espaço públicos pronto para a leitura, enquanto seus voos atrasam pela enésima vez. Aliás, vá mesmo preparado, comprar o livro em aeroporto não é uma boa lição de economia.
7 -  Integre às suas atividades: Pessoas extremamente ocupadas são assim por que trabalham muito. E se ler fizesse parte deste trabalho? Os benefícios da leituras são conhecidos e muitos, e certamente pessoas bem sucedidas possuem muitos livros em seu currículo. Portanto não perca tempo, encare a leitura (independente de gênero) como uma extensão de seu aperfeiçoamento no trabalho, e dedique a ela de 30 a 60 minutos diários. Um mente exercitada pode gerar ótimos frutos.

8 - Menos redes sociais: É incrível a quantidade que mesmo pessoas extremamente ocupadas dedicam-se conectadas a redes sociais. Serve aqui aquele paralelo ao mundo real, e imagine se as pessoas jamais descansassem, ficassem em casa, sempre na rua em busca de conversas e amizades? Pois é, muitas pessoas fazem maios ou menos isso quando se trata de redes sociais, e tudo que é exagerado pouco contribui para nossa evolução. Portanto, reduza o tempo conectado em redes sociais, e conecte-se a mundos imaginários construídos em grandes livros.

9 - Faça seu tempo. Determine a leitura como prioridade: Se uma coisa que pessoas extremamente ocupadas sabem lidar é com prioridades. Portanto se você conseguir estabelecer metas de leitura, certamente encontrará a melhor forma de encontrar brechas em sua agenda lotada.

10 - Imite outras pessoas extremamente ocupadas: Procure em jornais, sites e revistas onde possa encontrar entrevistas com pessoas extremamente ocupadas e de sucesso. Quase sempre será possível encontrar o livro predileto de cada uma delas, que são ou foram tão ou mais ocupadas que vocês. E isso não as impediu de ler. Faça como elas, e encontre o seu tempo para leitura.

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Festa no Covil - Juan Pablo Villalobos (Lido)

Acabei a leitura de Festa no Covil. É um livro curtinho, quando você se dá conta, já acabou.

O narrador, uma criança, acha que está contando a história de sua busca por um hipopótamo anão da Libéria. No entanto, a história acaba sendo muito mais do que isso, ela é o retrato de uma criança chamada Tochtli e de sua família fora dos padrões da "normalidade"... Mas o que é normal???

Tochtli (não sei como se pronuncia isso...) é o filho de um chefe do narcotráfico do México, que adora chapéus e os franceses (pois eles inventaram a guilhotina para cortar as cabeças dos reis).

Eu concordo com o Tochtli no que diz respeito aos chapéus e as pombas... Eu já fui vítima de muitas pombas desavergonhadas ao longo da minha vida...

É um livrinho que surpreende tanto pela inocência quando pela falta de parâmetros de uma criança encarcerada em um "palácio" de mentira.

É rápido, divertido e assustador. Uma criança, violência, inocência e incerteza de futuro... É isso que encontraremos nessa pequena obra.

Eu recomendo!

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Festa no Covil - Juan Pablo Villalobos

Comecei ontem a ler Festa no Covil... Estou lendo no Kindle e já nas primeiras páginas fui arrebatada pela simpatia do "pequeno" narrador, que é uma criança.

Só li o primeiro capítulo, pois já era tarde... preguiça, sono, cansaço, sabe como é né?!?! Mas já deu pra dar umas boas risadas antes de cair no sono - a parte das pombas é hilária.

Ainda não sei o que vai acontecer no livro, se continuarei gostando, se é mesmo uma boa história, mas assim que eu terminar, venho aqui contar...

Já li: http://oerranteliterario.blogspot.com.br/2012/10/festa-no-covil-juan-pablo-villalobos_19.html

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A Outra Volta do Parafuso - Henry James


Fiquei me retorcendo para saber se considerava The Turn Of The Screw (A Outra Volta do Parafuso), novela publicada a primeira vez em 1898, como um clássico britânico ou americano...
          
Mas como assim, como você pode ter dúvidas???

Eu explico: Henry James é um norte-americano naturalizado britânico, por isso fiquei sem saber ao certo onde incluí-lo, mas veja bem, isso seria muito fácil de resolver se eu usasse como parâmetro apenas o estilo maravilhoso da escrita... é claro que é um clássico britânico. Nada contra os yankees, mas o estilo é muito diferente.

A prosa de James é de um lirismo impressionante. Já nas primeiras páginas ficamos embasbacados com a beleza de sua escrita. Seus olhos não lêem*, eles passeiam pelas folhas enquanto a história vai se desenhando dentro da sua cabeça.

           * sim, eu uso a ortografia antiga... achei uma vergonha o que fizeram na última reforma ortográfica...

Quem não leu, leia! Vale muito a pena... A qualidade literária é inquestionável e o prazer que essa história de fantasmas te dará é garantido.

James sabe usar as palavras como poucos e fazer o leitor ficar às voltas com questionamentos sem solução. 

O livro conta uma história dentro de outra história. No início, nos vemos diante de uma lareira onde alguns amigos contam histórias de terror. É assim que A Outra Volta do Parafuso começa...  com a promessa de descortinar a mais horrenda história sobre fantasmas que há...

Spoiler... Spoiler... Spoiler... 

Quem não quer spoiler, pare de ler por aqui e vá atrás do livro. Delicie-se com as palavras do mestre Henry James, você não vai se arrepender. Depois, volte aqui para debater algumas ideias...

Quem já leu, vamos lá...

Apesar do estilo maravilhoso e do enorme prazer que me deu ler a narrativa de James, eu não posso dizer que esta é uma história de terror "arrepilante", como diz o meu sobrinho.

Na verdade, fico mais com o suspense do que com o terror. No fim, também não sei se fico com o suspense, pois fico imaginando se a governanta não era uma louca de pedra?!?

Há momentos em que eu achei que pudesse haver um fantasma (dois na verdade), mas em outros achei que era tudo coisa da imaginação da narradora. Aliás, como toda a história é contada única e exclusivamente pelo ponto de vista da governanta, que é uma exagerada, seria muito fácil para ela induzir o leitor a acreditar que os fantasmas eram reais, mas mesmo assim, ainda me restam algumas dúvidas, pois podia muito bem ser invenção da cachola dela.

Será que A Outra Volta do Parafuso não é uma história sobre a loucura? Um quebra-cabeça?

 Não sei ainda, só sei que o que mais me intrigou foi o final, a última frase para ser mais exato: E aí, Miles morreu de susto ou ela o matou sufocado, esmagado, estrangulado?

Quando acabei de ler, achei que era de susto, mas depois de trocar umas ideias com outro leitor, bateu a dúvida... Foi susto ou assassinato?

Gente, não consigo resolver essa questão e a cada minuto eu pendo mais para o assassinato. E você, o que acha?



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O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald


De acordo com a descrição encontrada no Wikipedia, The Great Gatsby (O Grande Gatsby) é um romance escrito pelo autor americano F. Scott Fitzgerald, publicado pela primeira vez em 10 de abril de 1925. A história se passa em New York e Long Island durante o verão de 1922, sendo encarado pelos literatos como uma crítica ao "Sonho Americano" e um retrato da Era de Ouro do Jazz.

Pois muito que bem... Esse livro foi escolhido em razão de meu Desafio Literário 2012 (um clássico norte-americano), mas não sei se minhas expectativas eram grandes demais ou se não consegui entrar no espírito da tal crítica ao superestimado “sonho americano”, mas enfim... não gostei do livro...

Eu sei, eu sei... não precisam me matar por isso, mas eu achei a história rasa, boba e que de crítica não tem nada.

O autor tentou ambientar sua narrativa entre os endinheirados de New York da década de 20, que, para variar, não tinham muito mais do que o próprio umbigo na cabeça... mas isso é possível observar em qualquer camada social, até mesmo entre os mais pobres. Frivolidade é um defeito de caráter e não a característica de uma geração.

As grandes festas dadas por Gatsby não pareciam um retrato muito "vivo" das festas da época. Acho que, para mim, o livro todo ficou meio que na promessa...

Na história: algumas festas sem sentido, um amor antigo, uma fatalidade e tudo cai por terra. Não achei que a fórmula convenceu muito e, por se tratar de um clássico, realmente achei que poderia oferecer mais.

Não acho que os eventos do livro representam uma crítica ao sonho americano, pois, quando muito, representam as escolhas superficiais de pessoas sem fibra ou caráter. Fato este que, com certeza, não é monopólio da classe A...

Por mais que eu tenha me esforçado para gostar do livro, a leitura foi sofrida e somente cheguei ao final por não gostar de abandonar um livro pela metade [apesar de ter uns que eu abandono mesmo sem dó]. Achei a narrativa rasa e comum... nada de espetacular.

Sei que muitos não comungam da minha opinião, afinal... é um clássico... mas o que escrevi foi somente minha opinião (e só minha), sem maiores pretensões, pois não sou nenhuma literata... sou apenas uma leitora comum que gosta ou não das histórias que lê...

Mas leia e tire suas próprias conclusões! Pode ser que você, assim como muita gente, adore O Grande Gatsby.

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Anna e o Beijo Francês - Stephanie Perkins

Nada mais do que um romance fofinho que te deixa com um sorriso bobo depois da última frase.

Eu poderia defini-lo como um romance de banca bonitinho com capa dura...

E só... entretenimento fácil, rápido e indolor...

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É Isto um Homem? Primo Levi

Só um comentário: Uma história que precisa ser lida, vivenciada e conhecida! Em "É isto um Homem?" encontramos um relato autobiográfico nu e cru sobre os horrores do Holocauto. Se tenho uma palavra para descrevê-lo, essa palavra é "necessário"!

Primo Levi foi um dos judeus que sobreviveram ao Campo de Extermínio alemão e contaram sua história.

Normalmente, quando falamos desse tipo de relato, podemos pensar que será uma narrativa carregada de ressentimentos e ódio, mas não. Esse livro é a história da vida no campo de forma crua, sem julgamentos, sem induções de pensamentos, é simplesmente um relato do que aconteceu e a maneira como os prisioneiros se sentiam naquela situação, como eles viviam, como era a comida, a fome, a humilhação, o medo, as doenças, a incerteza do amanhã.

É um relato histórico de um homem que sobreviveu aos horrores do campo de concentração. É a história contada por quem dela participou.

Somente para ilustrar a grandiosidade das palavras de Primo Levi (que são melhores que qualquer resenha que se possa fazer sobre elas), cito alguns trechos que acho que valeram a pena ser lidos... e relidos, não por terem relação com o Campo de Extermínio, mas por serem mais do que isso, por serem reflexões de vida:



"Cedo ou tarde, na vida, cada um de nós se dá conta de que a felicidade completa é irrealizável; poucos, porém, atentam para a reflexão oposta: que também é irrealizável a infelicidade completa. Os motivos que se opõem à realização de ambos os estados-limite são da mesma natureza; eles vêm de nossa condição humana, que é contra qualquer "infinito". Assim, opõe-se a esta realização o insuficiente conhecimento do futuro, chamado de esperança no primeiro caso e de dúvida quanto ao amanhã, no segundo. Assim, opõe-se a ela a certeza da morte, que fixa um limite a cada alegria, mas também a cada tristeza. Assim, opõem-se as inevitáveis lides materiais que, da mesma forma como desgastam com o tempo toda a felicidade, desviam a cada instante a nossa atenção da desgraça que pesa sobre nós tornando a sua percepção fragmentária, e, portanto, suportável."
"Esta será, então, a nossa vida. Cada dia, conforme o ritmo fixado, Ausrücken e Einrücken, sair e voltar; trabalhar, dormir e comer; adoecer, sarar ou morrer."

"Ai de quem sonha! O instante no qual, ao despertar, retomamos consciência da realidade, é como uma pontada dolorosa. Isso, porém, raras vezes nos acontece, e os nossos sonhos não duram. Somos apenas animais cansados."

"A convicção de que a vida tem um objetivo está enraizada em cada fibra do homem; é uma característica da substância humana. Os homens livres dão a esse objetivo vários nomes, e muitos pensam e discutem quanto à sua natureza. Para nós, a questão é mais simples."

Hoje, e aqui, o nosso objetivo é agüentarmos até a primavera. No momento, não pensamos em outra coisa. Depois desse objetivo não há, por enquanto, outro. De manhã, quando, formamos na Praça da Chamada, esperamos longamente pela hora de irmos para o trabalho, e cada sopro de vento penetra por baixo da roupa e corre em arrepios por nossos corpos indefesos, e tudo ao redor é cor de cinza, e nós também somos cinzentos; de manhã, quando ainda está escuro, todos esquadrinhamos o céu ao nascente, à espera dos primeiros sinais da primavera, e cada dia comenta-se o levantar do sol - hoje um pouco antes do que ontem, hoje um pouco mais quente; em dois meses, num mês, o frio abrandará, teremos um inimigo a menos."

"Poderíamos nos perguntar: quem é esse homem? Um louco, incompreensível e extra-humano, que veio parar no Campo? Ou algo atávico, fora do nosso mundo atual, e mais apto às primordiais condições de vida no Campo? Ou, pelo contrário, um produto do Campo: o que todos nós acabaremos sendo, se não morrermos aqui, se o Campo não acabar antes de nós?"

"As três hipóteses têm algo de verossímil, Elias sobreviveu à destruição externa, porque é fisicamente indestrutível; resistiu à aniquilação interna porque é demente. Ele é portanto, um sobrevivente: o mais apto, o espécime humano mais adequado a esta maneira de viver."

"Assim é, confirma Clausner. Será que os alemães têm tanta necessidade de químicos? Ou é apenas um truque a mais, um novo mecanismo pour faire chier les Juifs, para encher o saco dos judeus? Como não se apercebem do esforço grotesco, absurdo que exigem de nós, de nós, já não vivos, nós, meio dementes na esquálida espera do nada?"

"Bem sabemos que amanhã será como hoje; talvez chova um pouco mais ou um pouco menos; talvez, em lugar de cavar o chão, iremos ao Carbureto para descarregar tijolos. Ou talvez amanhã termine a guerra, ou talvez sejamos todos mortos, ou transferidos para outro Campo, ou aconteça uma dessas reviravoltas que, desde que existe o Campo, são cada vez profetizadas como iminentes e certas. Mas quem é que pode, seriamente, pensar no dia de amanhã?"

"Aos pés da forca, os SS nos olham passar, indiferentes. A sua obra foi concluída, e bem concluída. Os russos já podem vir: já não há homens fortes entre nós, o último pende por cima das nossas cabeças e, para os outros, poucas laçadas de corda bastaram. Os russos podem vir: só encontraram a nós, domados, apagados, já merecedores da morte inerme que nos espera. Destruir o homem é difícil, quase tanto como criá-lo: custou, levou tempo, mas vocês, alemães, conseguiram. Aqui estamos, dóceis sob o seu olhar; de nós, vocês não têm mais nada a temer. Nem atos de revolta, nem palavras de desafio, nem um olhar de julgamento."

Pois bem, se alguém se interessa pela história recente mundial, e os vários pontos de vista de seus acontecimentos, aí está um livro recomendadíssimo. Uma leitura intensa que nos faz refletir sobre o que somos, no que podemos nos tornar e até onde a bestialidade humana pode chegar!



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