Memória de Minhas Putas Tristes - Gabriel García Márquez

É um livro tão bom que nem dá pra falar muito... Nele encontramos as memórias de um jornalista de 90 anos que passou pela vida sem saber o que era o amor. 


Como conseguiu chegar vivo aos noventa, ele pretende se presentear com uma noite de amor louco com uma adolescente virgem, e é aí que toda a história se desenrola... e é aí que nosso narrador se apaixona pela primeira vez em nove décadas...


Há muitos anos ele escreve religiosamente sua coluna dominical no jornal da cidade e depois de encontrar o amor, também os temas de sua coluna mudam de direção alterando, assim, a rotina de décadas.


A parte da bicicleta é demais!

Só o fato de ser um livro de García Márquez já garante a qualidade, mas é muito mais, é um livro sensível, sobre o peso da idade, da nostalgia e dos sentimentos. Com escrita leve e fluida, essa é definitivamente uma história que merece ser lida.

Abaixo seguem duas passagens que marquei:

"Pela primeira vez em minha longa vida me senti capaz de matar alguém. Voltei para casa atormentado pelo diabinho que sopra no ouvido as respostas devastadoras que não demos na hora certa, e nem a leitura nem a música mitigaram a minha raiva."
"Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco."

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