Fiquei me retorcendo para saber se considerava The Turn Of The Screw (A Outra Volta do Parafuso),
novela publicada a primeira vez em 1898, como um clássico britânico ou
americano...
Mas como assim, como você pode ter dúvidas???
Eu explico: Henry James é um norte-americano naturalizado britânico, por
isso fiquei sem saber ao certo onde incluí-lo, mas veja bem, isso seria muito
fácil de resolver se eu usasse como parâmetro apenas o estilo maravilhoso da
escrita... é claro que é um clássico britânico. Nada contra os yankees,
mas o estilo é muito diferente.
A prosa de James é de um lirismo impressionante. Já nas primeiras
páginas ficamos embasbacados com a beleza de sua escrita. Seus olhos não lêem*,
eles passeiam pelas folhas enquanto a história vai se desenhando dentro da sua
cabeça.
* sim, eu uso a ortografia antiga... achei uma vergonha o que
fizeram na última reforma ortográfica...
Quem não leu, leia! Vale muito a pena... A qualidade literária é
inquestionável e o prazer que essa história de fantasmas te dará é garantido.
James sabe usar as palavras como poucos e fazer o leitor ficar às voltas
com questionamentos sem solução.
O livro conta uma história dentro de outra história. No início, nos
vemos diante de uma lareira onde alguns amigos contam histórias de terror. É
assim que A Outra Volta do Parafuso começa... com a promessa de
descortinar a mais horrenda história sobre fantasmas que há...
Spoiler... Spoiler... Spoiler...
Quem não quer spoiler, pare de ler por aqui e vá atrás do livro.
Delicie-se com as palavras do mestre Henry James, você não vai se arrepender. Depois, volte aqui para debater algumas ideias...
Quem já leu, vamos lá...
Apesar do estilo maravilhoso e do enorme prazer que me deu ler a
narrativa de James, eu não posso dizer que esta é uma história de terror
"arrepilante", como diz o meu sobrinho.
Na verdade, fico mais com o suspense do que com o terror. No fim, também
não sei se fico com o suspense, pois fico imaginando se a governanta não era
uma louca de pedra?!?
Há momentos em que eu achei que pudesse haver um fantasma (dois na
verdade), mas em outros achei que era tudo coisa da imaginação da narradora.
Aliás, como toda a história é contada única e exclusivamente pelo ponto de
vista da governanta, que é uma exagerada, seria muito fácil para ela induzir o
leitor a acreditar que os fantasmas eram reais, mas mesmo assim, ainda me
restam algumas dúvidas, pois podia muito bem ser invenção da cachola dela.
Será que A Outra Volta do Parafuso não é uma história sobre a loucura?
Um quebra-cabeça?
Não sei ainda, só sei que o que mais me intrigou foi o final, a
última frase para ser mais exato: E aí, Miles morreu de susto ou ela o matou
sufocado, esmagado, estrangulado?
Quando acabei de ler, achei que era de susto, mas depois de trocar umas
ideias com outro leitor, bateu a dúvida... Foi susto ou assassinato?
Gente, não consigo resolver essa questão e a cada minuto eu pendo mais
para o assassinato. E você, o que acha?
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