O Tempo e O Vento - Erico Verissimo - O Continente Vol. 1


Ao terminar o primeiro volume de "O Tempo e o Vento", dois sentimentos opostos se manifestaram dentro de mim: de um lado o arrependimento por não ter iniciado a leitura da saga muuuuiiiitoooo antes, e o segundo, a satisfação de ter, por fim, decidido ler a obra-prima de Erico Verissimo.

Logo de início, fiquei impressionada ao saber que a saga demorou 15 anos para ser escrita. Num primeiro momento, Verissimo havia planejado escrever "O Tempo e o Vento" em 800 páginas, mas com o passar das linhas ele logo descobriu que isso seria impossível, e então desdobrou seu romance em 3 partes: "O Continente", "O Retrato" e "O Arquipélago". No primeiro, o período abarcado é de 1745 a 1895, nos dois últimos, de 1895 a 1945.
   
O primeiro volume de "O Continente" é composto de 4 capítulos, divididos em 7 partes intercaladas: Sobrado I, II, III e IV, A Fonte, Ana Terra e Um Certo Capitão Rodrigo. Para quem não sabe, os capítulos da Ana Terra e do Capitão Rodrigo já foram editados como livros únicos (eu li Um Certo Capitão Rodrigo na escola - e amei - e agora já me apaixonei pelas outras partes...).

Enfim, passada essas informações técnicas, só resta dizer que Erico Verissimo não é tão aclamado à toa. Tem um motivo para ele ser um dos escritores mais importantes e respeitados da literatura nacional, e isso você vai descobrir logo nas primeiras páginas de "O Continente".

Nesse primeiro volume, nos deparamos com uma narrativa que prende nossa atenção como tentáculos de um polvo bem gordo... você quer saber o que vem depois e depois e depois. Além disso, é fácil gostar dos personagens brilhantemente construídos por Verissimo, e mais fácil ainda afligir-se com toda a ação que se desenrola em frente aos seus olhos.

Aqui vamos conhecendo a saga da família Terra Cambará, e com ela descobrimos a história do nosso próprio país. Não há dúvida que "O tempo e o Vento" é uma obra essencial para nos identificarmos como nação. Ainda que o pano de fundo seja o Rio Grande do Sul, é o Brasil daquela época que é narrado nas páginas amarelas de papel pólen soft.

Nesse volume vamos nos debater tentando descobrir se as atitudes de Licurgo Terra Cambará são justificáveis ou apenas reflexos de seu orgulho de macho; vamos nos comover com a história de Ana Terra; simpatizar com o impetuoso Capitão Rodrigo Severo Cambará e com sua forte Bibiana Terra; tentar imaginar como era o punhal de prata carregado por Pedro Missioneiro; acompanhar o nascimento da lenda do índio Sepé Tiarajú; vamos nos revoltar com a dureza de Maneco Terra e, ainda, imaginar se Maria Valéria Terra era ou não apaixonada por seu cunhado cabeça-dura.

Mas não é só isso... Enquanto os personagens dançam dentro da nossa cabeça, acompanhamos os efeitos que o Tratado de Madrid, entabulado entre Espanha e Portugal no ano de 1750, teve sobre os índios e jesuítas que foram obrigados a deixar as missões; a promoção do Rio Grande do Sul à Capitania-Geral; a anexação do território uruguaio ao Brasil; a proclamação da independência por D. Pedro I em 1822; a chegada dos primeiros imigrantes alemães ao Rio Grande do Sul; e inúmeros outros acontecimentos da nossa própria história. 

E o segundo volume continua na mesma batida, mas sobre ele eu conto em outro post...

Acreditem! É simplesmente uma leitura deliciosa! Se você não começou ainda, não perca tempo, vá logo atrás da sua edição!


Entrelas: todas!

Recomendadíssimo!!!


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