O Personagem ou A Personagem???

Há tempos esta questão me intriga: Personagem é um substantivo masculino ou feminino?

O dicionário Houaiss e o Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras consideram personagem um substantivo comum de dois gêneros, sendo correta as duas formas: o/a personagem.

Pesquisando sobre o assunto, descobri que antigamente era comum a utilização desse substantivo na forma feminina. 

A possível explicação para isso é que a maioria dos substantivos terminados em "agem" é do gênero feminino (viagem, margem, imagem, bagagem etc). Sendo assim, personagem deveria seguir o mesmo destino, mas como visto não é bem assim que a banda toca.

Outra explicação [só que desta vez um pouco mais antiga e mais estranha], é uma regrinha difundida por aí que determinava o seguinte: personagem com gênero masculino quando se tratasse de pessoas reais; personagem com gênero feminino quando se tratasse de papel representado ou elemento de ficção. Qual o motivo para isso? Não sei...

Contudo, depois de várias alterações ortográficas e adaptações do colóquio, os dicionários atualmente apontam como correto a combinação do artigo com sexo da pessoa referida.

A pesonagem Capitu é intrigante.
O relato do personagem Bentinho não é confiável.

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa é editado pela Academia Brasileira de Letras e tem valor de lei, assim [no final das contas] o mais adequado é seguir a regra de que personagem é um substantivo comum de dois genêros: "o personagem" e "a personagem".

Somente a título de exemplo, também são considerados como substantivos comuns de dois gêneros: o motorista/a motorista; meu colega/minha colega; bom estudante/boa estudante etc.

Então, acho que é isso aí...

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Abri um livro e... # 7


"É uma espécie de idílio, mas em estado de guerra. Todas as manias e excentricidades inglesas estão representadas, mesmo as religiosas, que dificilmente têm igual no mundo. Pode ser descrito com tranquilidade e sem qualquer ódio. Presta-se especialmente à memória, já que não leva a nada. A paisagem cultivada, um verdadeiro paraíso. Dois tipos de amigos: fugitivos da Europa (emigrantes) e evacuados de Londres ameaçada por bombas, que está a apenas uma hora. Pessoas disposta a conversar no trem, nos bosques de faias, nas granjas. Povoados antigos às margens dos riachos. Cemitérios antigos. Seres humanos, 'humours', como que saídos da grande literatura, de Dickens a Ben Jonson. Oxford, sua erudição, distante apenas uma hora."
Festa Sob as Bombas - Os Anos Ingleses
Elias Canetti

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Abri um livro e... # 6


"A partir de 25 de janeiro, mil sistemas estranhos saíram impetuosamente do espírito dos inovadores e espalharam-se pelo espírito perturbado da multidão. Tudo ainda estava de pé, salvo a realeza e o Parlamento; havia a impressão de que, com o choque da Revolução, a própria sociedade tinha sido reduzida a pó e de que se abria um concurso paea a escolha da nova forma do edifício que devia ser construído em seu lugar. Cada um propunha seu plano: este apresentava-o nos jornais, aquele nos cartazes que logo cobriam os muros, o outro pela palavra, aos quatro ventos. Um pretendia eliminar a desigualdade das fortunas, outro a das luzes, um terceiro aspirava a nivelar a mais antiga das desigualdades, a existente entre o homem e a mulher; receitavam-se medicamentos específicos contra a pobreza e também contra o mal do trabalho, que atormenta a humanidade desde que ela existe."
Lembranças de 1848 - As Jornadas Revolucionárias em Paris.  
Alexis de Tocqueville

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Abri um livro e... # 5


"The boundaries among religions were not completely permeable, however, and coexistence did not mean toleration. "The Armenian (and the Greek) were dogs and pigs... to be spat upon," notes a British ethnographer in the late nineteenth century. Even before then, members of the ruling religion were often contemptuous in daily speech of the "infidel dogs." Travelers were impressed by the variety of insults in general use:"
The Balkans - A Short Story. Mark Mazower 

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Essa História Está Diferente - Dez contos para canções de Chico Buarque

Eu sou apaixonadíssima por Chico Buarque [doente mesmo]. Sendo assim, tudo que o envolve tem o poder de chamar minha atenção.

Foi o que aconteceu com Essa História Está Diferente. Assim que soube da existência deste livro, o desejei. Pedi de presente, procurei em livrarias, até que sem querer encontrei-o na biblioteca, lá, lindo... esperando ser lido.

Mais que depressa levei-o para casa com um sorriso no rosto e com aquela vontade de leitor maluco - "se for tão bom quanto eu espero que seja, irei na livraria mais próxima e comprarei minha edição".

Essa História Está Diferente é uma coletânea de contos de dez autores com estilos diversos que recriaram em ficção músicas de Chico Buarque. O livro foi organizado pelo escritor e jornalista Ronaldo Bressane.

Muito bem, assim que comecei a ler, alguma coisa dentro de mim quebrou. Me decepcionei, mas decepcionei muito mesmo! Cheguei até a ficar meio revoltada.

Nem dá para mensurar o grau de decepção que tive com os contos. Gostei somente de dois deles: O do Mia Couto e o do Luis Fernando Veríssimo. Um que foi mais ou menos, foi o conto de Alan Pauls, que eu até que gostei, mas também me deixou um pouco incomodada, talvez pela narrativa pouco convencional. Mas ok, deu pra encarar.

Mas os outros sete contos... foi um amontoado de sofrimento... sofrimento meu por lê-los. Sofrimento meu por não encontrar sentido nem ligação com as músicas que tanto amo. Sofrimento meu por achar que desrespeitaram maravilhosas canções.

Não sei se meu olhar de fã aficcionada não me deixou apreciar Essa História Está Diferente, mas sério... esse livro foi a minha decepção do ano... e olha que o ano acabou de começar.

Entretanto, se você quer ver por si mesmo o que esse livro tem a oferecer, vá em frente... pode ser que sua leitura seja completamente diferente da minha. Que você adore, sei lá... Afinal, como diz o ditado: Gosto, cada um tem o seu!

OBS: Sugiro que você leia primeiro os contos do Mia Couto e do Veríssimo, talvez começando pelo bons, fique mais fácil de encarar o restante...

Avaliação: @@
   

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Abri um livro e... # 4


"Agora que estava só, seu rosto parecia mais velho. O entusiasmo abandonara-o e, ao passar diante de Duke's Law, deixou a mão correr pelas barras da grade de ferro. A melodia que o harpista tocava cadenciava-lhe agora os movimentos. Com a sola macia dos sapatos marcava o compasso, enquanto seus dedos executavam as variações deslizando preguiçosamente pela grade."
Dublinenses - James Joyce

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O que estou lendo... # 4

Sobre a Tagarelice e Outros Textos - Plutarco (45-120 dC)


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Uma verdade...


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Fiquei Com o Seu Número - Sophie Kinsella

Eu li Fiquei Com o Seu Número para o Desafio Literário 2013 e sabe de uma coisa??? Esse foi o livro mais divertido que eu li nos últimos 8 meses [pelo menos]...

Dei muita risada e realmente fiquei com vontade de saber o que aconteceria no final [apesar de sabermos de antemão como os livros desse tipo terminam], mas apesar do "todo mundo feliz no final", gostei bastante de como a autora levou sua história.

Nunca havia lido nada da Sophie Kinsella, mas se todos forem tão divertidos quanto esse livrinho, acho que me arriscarei mais vezes. Não tem cenas picantes nem apelações descaradas, é apenas uma historinha leve de comédia romântica, bem comédia por sinal... Que, aliás, dá pra ler em menos de um dia [meu caso].

Nesse livro, uma moça que está prestes a se casar, perde seu anel de noivado [de esmeraldas - herança da família do noivo] em sua despedida de solteira e fica desesperada. Depois de dar o número do seu celular até para as faxineiras do local, um ladrãozinho (de bicicleta), acaba levando seu aparelho. Mais desesperada ainda, ela acaba encontrando um celular dentro de uma lata de lixo [como esse celular chegou no lixo? Aí tem que ler...]. Mas enfim... é desse jeito que tudo começa, com uma grande confusão! 

Então, se você quiser rir para relaxar depois de um dia puxado de trabalho, acho que gostará de Fiquei Com o Seu Número. Leitura leve, rápida, descomplicada e agradável. Eu recomendo!


Avaliação: @@@@

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Ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura e Suas Obras # 1

A partir de hoje, tem início aqui no blog a série Ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura e Suas Obras.

O Prêmio Nobel de Literatura, criado e gerido pela Academia Suéca de Letras desde 1901, tem por objetivo reconhecer o conjunto da obra de autores, de qualquer nacionalidade, que tenham produzido magnífico conteúdo literário.

Os critérios são bastante subjetivos, mas há quem diga que eles acertam na maior parte das vezes... A premiação considera a obra inteira do escritor, seus principais livros, sua mentalidade, seu estilo e suas filosofias, não distinguindo uma obra em particular.

Mas e aí? Vocês sabem quem são eles e quais obras escreveram?

Pois é, eu não sei... e por isso - e também para me aproximar dessa realidade - resolvi iniciar aqui no blog essa série, que irá, de tempos em tempos, indicar alguns ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura em ordem cronológica, sua concisa bibliografia e as obras mais importantes que eles escreveram [ou aquelas que eu conseguir achar... hehehe].

A premiação do Nobel é sempre anunciada no começo do mês de outubro de cada ano, sendo por muitos considerado o maior e mais importante prêmio que um escritor pode receber no ramo da literatura.

Porém, nem tudo são flores... Como toda premiação, não foram poucas as polêmicas e acusações que envolveram o Nobel ao longo dos anos... mas mesmo com tudo isso, não podemos negar que algum critério foi utilizado para escolher os ganhadores. Sendo assim, acredito que valerá a pena conhecer um pouco dos autores que conseguiram, pelo conjunto de sua obra, receber a mais alta premiação da literatura mundial.

Bom, sem mais delongas, seguem os primeiros 5 ganhadores do Nobel de Literatura.


1901 - Sully Prudhomme

René Armand François Prudhomme. Poeta francês nascido em 1839 em Paris e falecido em 1907. Foi o primeiro autor a receber o Nobel de Literatura, no dia 10 de dezembro de 1901.

Em 1865, publicou sua primeira obra poética, Stances et Poèmes. Pertenceu ao grupo de poetas parnasianos responsáveis pela publicação da revista Parnasse Contemporain.

Em 1881 foi eleito para a Academia Francesa, ocupando a cadeira de número 24.

SUA OBRA

Stances et Poèmes, 1865
Les Épreuves, 1866
Les Solitudes, 1869
Les Destins, 1872
La France, 1874
Les Vaines tendresses, 1875
Le Zénith (poema), publicado na Revue des deux mondes, 1876
La Justice, 1878
Poésie, 1865-1888
Le Prisme, poésies diverses, 1886
Le Bonheur, 1888
Épaves, 1908 (publicado postumamente)



1902 - Christian Matthias Theodor Mommsen

Christian Matthias Theodor Mommsen. Historiador alemão nascido na cidade de Garding em 1817. Faleceu em 1903, um ano após receber o Nobel de Literatura.

Até hoje é considerado, por muitos, um dos maiores especialistas em História da Antiguidade Latina.

SUA OBRA

Römische Geschichte (1854-1856) - História de Roma, 5 volumes
Römisches Staatsrecht (1871-1888) - Direito Constitucional Romano, 3 volumes
Römisches Strafrecht (1899) - Direito Criminal Romano

 
1903 - Bjørnstjerne Martinus Bjørnson

Bjørnstjerne Martinus Bjørnson, nasceu em 1832 na Noruega. Faleceu em Paris no ano de 1910. É considerado um dos Quatro Grandes Escritores da Noruega, os outros são Henrik Ibsen, Jonas Lie, e Alexander Kielland.

Bjørnson sempre esteve às voltas com política, teatro e literatura. Seu primeiro romance, Synnøve Solbakken, de 1857, falava sobre a vida campestre e tornou-se muito importante na literatura norueguesa.

Numa prosa recheada de protagonistas com personalidades fortes e rebeldes como a do próprio Bjørnson, sua obra alterna histórias da vida rural da Noruega contemporânea e peças desenroladas na Noruega ancestral [a exceção de uma peça sobre Maria Stuart]. Seus textos apresentam forte nacionalismo, crítica social - em especial problemas sociais da Escandinávia - e crítica religiosa.

SUA OBRA

Synnøve Solbakken (1857)
Mellem Slagene (1857)
Halte-Hulda (1858)
Arne (1859)
En glad gutt (1860)
Smaastykker (1860)
Kong Sverre (1861)
Sigurd Slembe (1862)
Maria Stuart i Skottland (1864)
De Nygifte (1865)
Fiskerjenten (1868)
Digte og Sange (1870)
Arnljot Gelline (1870)
Fortællinger I-II (1872)
Brude-Slaatten (1872)
Sigurd Jorsalfar (1872)
Kong Eystejn (1873)
En Fallit (1875)
Redaktøren (1875)
Magnhild (1877)
Kongen (1877)
Kaptejn Mansana (1879)
Det nye System (1879)
Leonarda (1879)
Støv (1882)
Over Ævne. Første Stykke (1883)
En Hanske (1883)
Det flager i Byen og paa Havnen (1884)
Geografi og Kærlighed (1885)
Paa Guds Veje (1889)
Nye Fortællinger (1894)
Over Ævne. Andre Stykke (1895)
Lyset (1895)
Paul Lange og Tora Parsberg (1898)
To Fortællinger (1901)
Laboremus (1901)
På Storhove (1902)
Daglannet (1904)
Mary (1906)
Når den ny vin blomstrer (1909)


Traduções em português

1901 - Carícias de uma noiva, Companhia Nacional Editora
1944 - O caminho da felicidade, Minerva
1962 - Além das Forças (Over Ævne), Editora Delta, tradução de Guilherme Figueiredo, Coleção Prêmios Nobel de Literatura.


Em 1904 dois autores receberam o Prêmio Nobel de Literatura 


 
1904 - Frédéric Mistral

Frédéric Mistral, poeta provençal de lingua occitana, nasceu na comuna francesa de Maillane em 1830 e faleceu em 1914.

Ainda jovem, Mistral uniu-se ao poeta Roumanille, e ambos se converteram nos fomentadores do renascimento da língua occitana. Juntos fundaram o movimento do félibrige, que permitiu promover a língua occitana com a ajuda de Alphonse de Lamartine. Este movimento acolheu todos os poetas occitanos expulsos da Espanha por Isabel II.

SUA OBRA

Mirèio (1859)
Calendau (1867)
Lis Isclo d'or (1876)
Nerto (1884) - coleção de poemas
La Rèino Jano (1890)
Lou pouémo dóu rose (1897)
Memori è raconte (1906)
Obras esparças escritas entre 1887 e 1910
Obras póstumas publicadas entre 1926 a 1930


1904 - José Echegaray y Eizaguirre

José Echegaray y Eizaguirre, engenheiro civil, matemático e dramaturgo do último quarto do século XIX, nasceu em Madrid no ano de 1832 e faleceu em 1916.

Foi o primeiro espanhol a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, e também o primeiro caso de dupla da premiação, fato este repetido pouquíssimas vezes.

Sua peça mais famosa é El gran Galeoto, um grande melodrama escrito à maneira do século XIX, que discorre sobre o efeito nefasto que a fofoca infundada tem sobre a felicidade de um homem de meia-idade.

SUA OBRA 

La esposa del vengador (1874)
En el puño de la espada (1875)
En el pilar y en la cruz (1878)
Conflicto entre dos deberes (1882)
O locura ó santidad (1877)
El gran Galeoto (1881)
Mariana (1892)
El estigma (1895)
A Calum (La duda, 1898)
El loco Dios (1900)


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Muito bem, esses foram os 5 primeiros ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura. Na próxima edição tem mais.



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